“O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (João 3.8).
Nicodemos, fariseu, mestre em Israel e membro do sinédrio foi encontrar Jesus numa noite, fugindo dos olhares julgadores dos fiscais alheios. Cobriu Jesus dos mais exaltados elogios, reconhecendo que ele vinha de Deus e fazia o que nenhum homem conseguia fazer. Jesus, em vez de sentir-se lisonjeado com os encômios recebidos, disse a Nicodemos que se ele não nascesse de novo não poderia ver o reino de Deus; se ele não nascesse da água e do Espírito não poderia entrar no reino de Deus. Nicodemos não alcançou a linguagem espiritual de Jesus e pensou que ele estivesse tratando de um retorno ao ventre de sua mãe. Jesus, então, explica ao mestre fariseu que, o Espírito age como o vento. O vento sopra onde quer. É possível ouvir sua voz, mas ninguém pode controlá-lo. Com isso, Jesus está ensinando três verdades solenes sobre o Espírito Santo.
Em primeiro lugar, o vento é soberano. Ele sopra onde quer. Não obedece a critérios humanos nem pode ser controlado pelo homem. O vento não pede licença ao homem para soprar. Ele sopra onde não sopraríamos e deixa de sopra onde esperaríamos seu sopro. Assim é a obra do Espírito Santo. Sendo Deus, o Espírito Santo é soberano. Ele age onde quer. Ninguém pode domesticá-lo. Ninguém pode manipulá-lo. O Espírito Santo é soberano. Ele age quando quer, onde quer, em quem quer. O novo nascimento é uma obra soberana do Espírito Santo. A salvação não é uma iniciativa humana, mas um agir divino. Essa operação não ocorre pelo alvitre humano, mas conforme a ação soberana do Espírito Santo.
Em segundo lugar, o vento é livre. O vento sopra onde quer. Ele não se sujeita às imposições humanas. Ele não é governado pelo homem. Não precisa pedir ajuda nem permissão para agir. Assim como o vento é livre, também o é o Espírito Santo. Ele sopra sobre o homem, quer este esteja na rua ou em casa, no templo ou no hospital, no trabalho ou no lazer, na azáfama da vida ou no recolhimento do descanso. Espírito é livre para agir em quem quer, onde quer, da forma que quer, conforme o seu querer. Ninguém pode determinar para ele o que deve fazer e como fazer. Ele não aceita pressão nem se sujeita a manipulação. A obra da salvação não está nas mãos do homem, mas nas mãos de Deus. Ele faz todas as coisas conforme o conselho de sua vontade.
Em terceiro lugar, o vento tem uma voz. Assim como o vento não pode ser visto, mas pode ser ouvido, de igual modo, opera o Espírito Santo. O Espírito Santo é invisível, mas podemos ouvir a sua voz. Sua voz é a própria voz do divino pastor chamando os seus para a salvação. Essa é a voz do evangelho que ecoa nos ouvidos da alma. Quando as ovelhas de Cristo ouvem essa voz, o tampão é tirado de seus ouvidos e a venda dos olhos e aqueles que estavam surdos ouvem e os que eram cegos veem. Aqueles que eram escravos são libertos e os que estavam mortos, recebem vida.
Em quarto lugar, o vento é misterioso. Não sabemos de onde ele vem nem para onde ele vai. Sua atuação transcende não apenas nosso controle, mas também à nossa compreensão. Seu agir não é apenas soberano, mas também, incompreensível para nós. Não podemos entender como homens violentos da estirpe de Saulo de Tarso podem ser transformados em vasos de honra como o apóstolo Paulo. Não podemos compreender que homens tão limitados e covardes como Pedro possam ser transformados em gigantes no testemunho do evangelho. Não podemos explicar como um indivíduo morto em seus delitos e pecados pode receber vida e vida em abundância. Essa é a obra soberana, livre e misteriosa do Espírito Santo.
Rev. Hernandes Dias Lopes