“Era Josué, porém, já idoso, entrado em dias; e disse-lhe o Senhor: Já estás velho, entrado em dias, e ainda muitíssima terra ficou para se possuir” (Js 13.1).
Billy Graham, o maior evangelista do século vinte, em seu último livro, “A caminho de casa” disse que a velhice não é para os fracos. Muitos chegam à velhice vencidos pela amargura. Outros, alimentam-se apenas das lembranças do passado sem qualquer perspectiva para o futuro. O profeta Joel, falando da promessa do derramamento do Espírito Santo, disse que os velhos sonhariam (Jl 2.28). Como Calebe, na velhice ainda estariam cheios de vigor para fazer novas conquistas (Js 14.10-15).
Não basta envelhecer, é preciso envelhecer com propósito. Sem cair no triunfalismo daqueles que batizam essa fase da vida como “a idade de ouro” ou “a melhor idade”, precisamos compreender que a velhice é tempo de testemunho acerca da fidelidade de Deus quanto ao passado bem como de novos e grandes desafios quanto ao futuro. A Escritura promete que mesmo na velhice podemos dar frutos e sermos cheios de serva e verdor (Sl 92.14).
No texto em tela, vemos Deus falando a Josué sobre a conquista da terra prometida e a passagem enseja-nos três lições importantes:
Em primeiro lugar, a velhice é uma realidade inegável (Js 13.1a). “… disse-lhe o Senhor: Já estás velho, entrado em dias…”. A vida passa rapidamente. Somos como uma flor que brota e viceja, para em seguida murchar e secar. Nosso vigor se estiola. Nossos braços ficam frouxos e nossos joelhos trôpegos. Nossos olhos ficam embaçados e nossas mãos trêmulas. A velhice é incontornável, a menos que a morte nos colha nos tempos primaveris da vida. Não podemos nos esconder dos anos nem fugir do rigor do tempo que esculpe rugas indisfarçáveis em nosso rosto. O próprio Deus diagnostica a velhice em Josué. Sua velhice era notória a Deus e aos homens. Sua velhice era conhecida no céu e na terra. Precisamos ter consciência de nossa temporalidade. Os anos vêm e vão e nós voamos. Por isso, precisamos remir o tempo e aproveitar as oportunidades que Deus coloca diante de nós. Só temos esta vida para viver. Não podemos desperdiçá-la com futilidades. Deus nos chamou para investirmos em causas de consequências eternas.
Em segundo lugar, a velhice abre portas para oportunidades incríveis (Jo 13.1b). “… e ainda muitíssima terra ficou para se possuir”. Deus havia dado a Josué os limites da terra a ser conquistada (Js 1.2-4). Porém, os anos se passaram, e a nova geração que nasceu na terra prometida, não conhecia mais a Deus (Jz 2.10,11), muito embora Josué e sua família tivessem permanecendo fiéis (Js 24.15). Em vez de possuir a terra, o povo se enamorou com os deuses da terra. Em vez de triunfar sobre aqueles povos, Israel se misturou com eles, para adorar seus deuses e abandonar a sua fé no Deus vivo. Agora, mesmo Josué vivendo no meio daquela geração ingrata e rebelde, é informado por Deus que resta ainda muita coisa a fazer, uma vez que muitíssima terra ficou para ser conquistada. A velhice não é tempo de vestir um pijama e deitar-se numa cadeira de balanço. A velhice não é tempo de olhar apenas pelas lentes do retrovisor e ficar lembrando de um tempo que não volta mais. A velhice é tempo de novos sonhos, novas conquistas e novas realizações. Abraão começar a caminhar com Deus aos setenta e cinco anos de idade. Calebe estava disposto a conquistar uma montanha aos oitenta e cinco anos de idade. Na velhice temos maturidade e experiência para inspirar as novas gerações. Na velhice ainda temos muitíssima terra para conquistar.
Em terceiro lugar, a velhice oportuniza novos desafios (Js 13.2-13). Deus dá o diagnóstico, mostra a oportunidade e faz o desafio. Josué deveria liderar o povo nas conquistas que haviam sido deixadas de lado. Mais uma vez, o Senhor delimita a terra que fora dada, mas precisava ser conquistada. A bênção de Deus flui da obediência e não do conformismo. Porque Israel deixou de cumprir a agenda estabelecida por Deus e acomodou-se, aquelas nações foram como espinhos em suas ilhargas; e eles, que haviam sido escravos no Egito, acabaram tornando-se escravos dos deuses pagãos daquela terra. É tempo dos velhos se levantarem e desafiarem a nova geração a colocar em Deus a sua confiança. A velhice não é tempo de jogar a toalha; é tempo de agir! Rev. Hernandes Dias Lopes