“Porque o Senhor é o nosso juiz, o Senhor é o nosso legislador, o Senhor é o nosso Rei; ele nos salvará” (Is 33.22)
O pensador grego Aristóteles (384-322 a.C.), em sua obra A Política foi o pioneiro a falar sobre a existência de três órgãos separados a quem cabiam as decisões de Estado. O filósofo inglês John Locke (1632-1704), em sua obra Segundo Tratado sobre o Governo Civil aborda, também, essa matéria. Mas, foi o político e filósofo francês Mostequieu (1689-1755) quem criou a tripartição e as devidas atribuições do modelo mais aceito atualmente como o Poder Legislativo, Executivo e o Judiciário. No pensamento de Montesquieu não é prudente deixar em uma única mão as tarefas de legislar, administrar e julgar, uma vez que a concentração de poder favorece o abuso dele.
O texto bíblico em epígrafe nos mostra que antes mesmo desses corifeus humanos tratarem da matéria, Deus já havia estabelecido essas atribuições, servindo, ele mesmo, de modelo supremo para cada um desses poderes. Vejamos:
Em primeiro lugar, o Senhor é o nosso Juiz. O Senhor não é apenas o nosso juiz, mas o juiz justo. Ele julga retamente. Seu caráter é impoluto, suas palavras são verdadeiras e seu julgamento é reto. Ele julga segundo a verdade. Nenhum engano é cometido em suas sentenças. Nenhuma injustiça é praticada em suas decisões. No tribunal de Deus não há parcialidade. O juiz é insubornável. Ele não tem por inocente o culpado. No julgamento divino não há apadrinhados nem protegidos. A toga do juiz supremo jamais é manchada por corrupção. Ele julga a todos: grandes e pequenos, ricos e pobres, doutos e iletrados, pios e pagãos, governantes e governados. No tribunal divino não há dois pesos e duas medidas. Todos serão julgados com a mesma régua da justiça. Ele julga as palavras e as ações; julga as omissões e até mesmo os propósitos do coração. Ele tem competência até mesmo para julgar foro íntimo, pois a tudo conhece e a todos sonda.
Em segundo lugar, o Senhor é o nosso Legislador. O Senhor é o supremo legislador. Suas leis são justas. Elas visam promover o bem e coibir o mal. Elas regulamentam o relacionamento do homem com Deus e com o próximo. As leis de Deus são santas. Jamais deturpam a moral ou conspurcam a honra. Leis injustas, que oprimem os fracos e favorecem os poderosos, jamais são promulgadas por Deus. Leis imorais que invertem os valores, promovem o pecado e escarnecem da virtude são abominações aos olhos deste sábio legislador. As leis de Deus são perfeitas. Não precisam ser atualizadas nem jamais podem ser ab-rogadas. Deus promulgou-as não para nos amordaçar ou privar-nos de liberdade, mas para proporcionar-nos uma vida livre e bem-aventurada.
Em terceiro lugar, o Senhor é o nosso Rei. O Senhor é o supremo governante. Seu trono está no céu. Ele faz todas as coisas conforme o conselho de sua vontade e sua vontade é boa, perfeita e agradável. Ele é soberano. Nada escapa ao seu controle. Ele governa o universo e tem as rédeas da história em suas mãos. Ele é o comandante em chefe dos exércitos celestiais. Nas suas mãos estão todo poder e toda autoridade. Ele governa as nações. Ele levanta reis e faz reis apearem do poder. Ele exalta uns e rebaixa outros. Seu reino é eterno e a extensão do seu reinado abrange todas as nações.
Nenhum sistema de governo deste mundo, por mais refinado, pode comparar-se ao governo divino. Os juízes, os legisladores e os governantes humanos são falhos. Os poderes constituídos, embora legítimos, são passíveis de erros. Porém, Deus é perfeito em seu ser e poderoso em suas obras. Por isso, só ele pode nos salvar. Nele estão os nossos olhos. Ele á a nossa esperança!
Rev. Hernandes Dias Lopes