“E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).
O veterano apóstolo Paulo, na sua obra prima, a Carta aos Romanos, chega ao pináculo de sua teologia, ao apresentar, no texto em epígrafe, os elos da salvação. Quatro verdades magnas do cristianismo são aqui apresentadas:
Em primeiro lugar, a predestinação. A salvação é uma iniciativa divina e não humana. Foi Deus quem nos escolheu e não nós a ele. Foi ele quem nos encontrou e não nós a ele. Ele nos escolheu livre e soberanamente. Sua escolha é incondicional. Deus nos escolheu antes dos tempos eternos. Escolheu-nos em Cristo. Escolheu-nos para sermos santos e irrepreensíveis. Escolheu-nos para a fé e boas obras. Tudo provém de Deus. Ele planejou, executou e consumará nossa salvação.
Em segundo lugar, o chamamento. O mesmo Deus que predestina é o que chama, e chama eficazmente. Há dois tipos de chamado: um externo e outro interno. Um chamado dirigido aos ouvidos e outro dirigido ao coração. Jesus diz: “Muitos são chamados, poucos os escolhidos”. Disse, ainda: “Ninguém pode vir a mim se o Pai não o trouxer”. Somos uma dádiva do Pai ao Filho. Por fim, Jesus afirmou: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhe dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão”. A voz do Senhor é poderosa, despede chamas de fogo e faz tremer o deserto. Quando os escolhidos de Deus ouvem a voz do evangelho, o próprio Deus tira o tampão de seus ouvidos, a venda de seus olhos, trocando-lhes o coração de pedra por um coração de carne. Deus muda as nossas disposições íntimas e nos converte. É o próprio Deus quem dá o arrependimento para a vida e a fé salvadora. É o próprio Deus quem regenera, justifica e glorifica. Tudo provém de Deus que nos reconcilia consigo mesmo por intermédio de Cristo.
Em terceiro lugar, a justificação. O mesmo Deus que predestina e chama é o que também justifica. A justificação é um ato da livre graça de Deus mediante o qual ele nos declara justos diante do seu tribunal. É um ato jurídico que ocorre não em nós, mas no tribunal divino, quando Deus em virtude da obra expiatória de Cristo na cruz, atribui a nós a justiça de seu Filho, declarando-nos quites com as ordenanças de sua lei e com as demandas de sua justiça. Na justificação não apenas nossos pecados não são imputados a nós, mas, também, a justiça de Cristo é colocada em nossa conta. Agora, portanto, já nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus.
Em quarto lugar, a glorificação. Muito embora a glorificação seja um fato futuro, que se dará na segunda vinda de Cristo, o apóstolo Paulo a coloca como uma realidade consumada. Aqueles que foram predestinados, chamados e justificados, na mente e nos decretos de Deus já estão glorificados. Nada nem ninguém pode frustrar esse plano divino. Nossa salvação é assegurada não pela fragilidade humana, mas pela onipotência divina. A nossa salvação é uma obra completamente feita por Deus para que a glória seja totalmente dele. Em breve Jesus voltará e, então, os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, com um corpo imortal, incorruptível, glorioso, poderoso, espiritual e celestial, semelhante ao corpo da glória de Jesus. Depois, os que estiverem vivos serão transformados e arrebatados para encontrar o Senhor nos ares e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Vê-lo-emos face a face. Servi-lo-emos e reinaremos com ele, nos novos céus e na nova terra. Não haverá mais luto, nem pranto nem dor. Desfrutaremos pelos séculos sem fim da bem-aventurança eterna!
Rev. Hernandes Dias Lopes