O Brasil sofre uma derrota amarga e acachapante, procedente das mais altas e egrégias autoridades da República, a descriminalização da maconha, o portal de entrada das drogas mais pesadas. Reconheço que o tema é polêmico e que há ardorosos defensores de ambos os lados. Porém, a vasta maioria da população, certamente, é contrária a essa decisão. Listarei, a seguir, quatro razões pelas quais entendo ser a decisão supra um consumado equívoco:
Em primeiro lugar, a questão filosófica. A grande questão filosófica é se o uso da maconha é uma prática neutra para o usuário e sua família. Seria a maconha inofensiva ou maléfica? Traz benefícios ou malefícios? Ajuda ou prejudica? Aprovaríamos uma lei que, sabidamente, desembocará em grandes desastres para a família? Quando e onde a liberação do uso da maconha melhorou a qualidade de vida dos cidadãos? A experiência não está a favor dessa polêmica decisão.
Em segundo lugar, a questão prática. A licitude do porte para uso pessoal de até quarenta gramas de maconha é uma decisão impraticável. Onde comprar essa droga? Quem a venderá? Qual a prova de que a quantidade será usada apenas para uso pessoal? Quem vai pesar essa droga para constatar legalidade ou ilicitude? As dificuldades para se colocar essa lei em prática favorecerá a proliferação da venda e do uso dessa droga.
Em terceiro lugar, a questão moral. A maconha é viciante. Gera dependência e traz danos irreparáveis tanto no campo mental como no comportamental. Além de danificar os neurônios, ainda produz alienação nos relacionamentos e falta de concentração nos estudos e no trabalho. As drogas são uma fuga da realidade. São algemas invisíveis que mantém pessoas no cativeiro. A maconha é, sabidamente, a porta de entrada para outras drogas mais pesadas como crack e cocaína. Abrir a porteira para a venda e consumo da maconha é uma agressão à família, um atentado contra a saúde mental dos cidadãos e uma violência contra a nação.
Em quarto lugar, a questão experimental. Somente uma família que já lidou ou lida com uma pessoa dependente química sabe o pesado e o transtorno que isso produz. Somente aqueles que conhecem o sofrimento de ver um marido abandonando o casamento, ver um pai desamparando os seus filhos, ver um jovem agredindo os pais para comprar a maldita droga é que sabem o quanto custará essa lei aprovada ao arrepio do legislativo e contra a esmagadora maioria da população. Aqueles que argumentam que a decisão esvaziará os presídios, desmotivará o tráfico e fará recuar o uso, tornando a sociedade mais justa, mais lúcida e mais ordeira estão rotundamente enganados. A experiência prova o contrário.
Espero que essas breves reflexões lancem luz sobre o assunto em pauta e que lutemos por um país livre da escravidão das drogas.
Rev. Hernandes Dias Lopes