hand, hands, freedom-4661763.jpg

GLÓRIA E SOFRIMENTO

            A segunda carta de Paulo aos coríntios é a sua epístola mais pessoal. Mas, no capítulo 12.7-10, o veterano apóstolo abre as cortinas do santo dos santos de seu coração para compartilhar conosco sua experiência mais íntima. Aqui ele mostra como Deus equilibra em nossa vida glória e sofrimento. Vejamos:

            Em primeiro lugar, a grandeza das revelações (2Co 12.7a). A grandeza de suas revelações, sendo arrebatado até ao terceiro céu, ao paraíso, poderia ter sido um caminho escorregadio para seus pés, levando-o à soberba. Isso, porque nesse arrebatamento ouviu palavras inefáveis, que se sequer teve ousadia de referi-las. A experiência de Paulo foi de uma grandeza indescritível e sem paralelos. Nenhum outro apóstolo teve privilégio tão grandioso. Inobstante acontecimento tão sublime, jamais usou essa experiência para exaltar-se.

            Em segundo lugar, o doloso espinho na carne (2Co 12.7b). A soberba desqualifica um obreiro; o sofrimento não. Então, foi posto um espinho na carne de Paulo para que ele não se ensoberbecesse. Esse espinho era uma espécie de estaca pontiaguda a acicatar sua carne. Não há consenso sobre a natureza desse espinho. Estou inclinado a crer que se tratava de uma enfermidade física (Gl 4.14) que lhe causava grande sofrimento. A origem do espinho na carne de Paulo é divina. Sabemos disso por causa do propósito: “… a fim de que não me exalte”.

            Em terceiro lugar, as bofetadas de Satanás (2Co 12.7c). Satanás não era a fonte do espinho, mas usava essa providência carrancuda para impor a Paulo sofrimento atroz. Oh, como Satanás usa todas as suas armas para nos atacar quando enfrentamos situações adversas ou enfermidades dolorosas! Como ele lança sobre nós suas setas cheias de veneno, tentando nos levar a descrer do amor cuidadoso de Deus. Porém, Satanás não pode frustrar em nossa vida os planos de Deus. O espinho na carne de Paulo não tinha o propósito de levá-lo ao pecado, mas de afastar dele a soberba.

            Em quarto lugar, as orações não respondidas (2Co 12.8). Paulo orou três vezes, pedindo ao Senhor, para afastar dele, o espinho na carne. Ele que tinha orado por tantas pessoas enfermas e sido testemunho da cura delas, agora, ora por si mesmo e não vê o mesmo resultado. Porém, quando Deus responde negativamente ao nosso pleito, não é porque é indiferente à nossa dor ou porque não tenha amor por nós. Os pensamentos de Deus são sempre mais altos do que os nossos. Seus caminhos são sempre mais elevados do que os nossos. Seu propósito é soberano, sua vontade é perfeita e sempre nos leva a um nível mais profundo de intimidade com ele.

            Em quinto lugar, a resposta desconcertante (2Co 12.9a). Paulo não ficou sem resposta à suas orações. Deus lhe respondeu com um sonoro NÃO, mas, deu-lhe uma explicação solene: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Todos os gigantes de Deus são vasos frágeis. Nenhum instrumento usado por Deus pode vangloriar-se na sua inteligência, na sua força ou na sua riqueza. Deus usa aqueles que são frágeis para envergonhar os que são fortes. Ele faz de nossa fraqueza poder para desconcertar os poderosos. Ele usa vasos frágeis para que toda a glória seja dele.

            Em sexto lugar, a rendição obediente (2Co 12.9b,10a). Paulo não questiona a resposta divina nem se insurge contra Deus por causa de sua providência carrancuda. Ao contrário, ele se rende por completo, e declara que de boa vontade, se gloria mais nas fraquezas, a fim de que sobre ele repouse o poder de Cristo. Paulo chega até mesmo a sentir prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Em nada considera a vida preciosa para ele mesmo. Seu propósito é completar sua carreira e testemunhar o evangelho da graça.

            Em sétimo lugar, a constatação confiante (2Co 12.10b). Paulo conclui, usando um dos mais eloquentes paradoxos da vida cristã: “Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte”. Quanto mais fortes nos sentimos, menos dependentes de Deus nos tornamos; quanto mais fracos nos sentimos, mais dependentes de Deus nos sentimos. Como nosso vigor não procede de dentro, mas do alto; como nossa força não vem de nós, mas de Deus, então, quanto mais fracos somos, mais fortes nos tornamos. Deus é a nossa força. Amparados por seus braços onipotentes, triunfamos, ainda que o espinho na carne nos cause sofrimento em nossa jornada rumo à glória.

Rev. Hernandes Dias Lopes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima