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A MÃO INVISÍVEL DA PROVIDÊNCIA

            O livro de Ester não menciona o nome de Deus. Escrito por autor anônimo, descreve a saga do povo judeu, que vivendo no exílio, foi liberto da morte, depois de um decreto de extermínio lavrado pelo rei persa Assuero, também conhecido como Xerxes. Esse livramento está marcado por várias providências extraordinárias, que jamais poderiam ser explicadas, senão pela intervenção sobrenatural de Deus. Embora o nome de Deus não apareça no livro, o dedo de Deus está presente, como veremos a seguir.

            Em primeiro lugar, a mão invisível da providência pode ser vista nos fatos históricos. O rei Assuero, filho de Dario I, está se preparando para uma batalha contra os gregos e para convencer os príncipes das províncias, oferece um banquete requintado de cento e oitenta dias em Susã, a capital do império. Ele quer impressionar príncipes e servos acerca da grandeza de seu poder e da pujança de seus recursos. Ostentação e poder tinham como propósito mostrar ao seu povo que a Pérsia poderia derrotar os gregos na batalha de Salamina.

            Em segundo lugar, a mão invisível da providência pode ser vista nas ações humanas. No apogeu da festa, sob os auspícios do vinho, o rei manda os eunucos trazerem a rainha Vasti, trajada com a coroa real, para expor sua beleza invejável aos seus súditos. A rainha, porém, recusou a atender à convocação do rei, criando uma instabilidade no trono e vulnerabilizando o poder não apenas do rei, mas, também, de todos os homens, em todo o império. Esse episódio inusitado, levou Assuero, por orientação de seus conselheiros, a depor a rainha a Vasti, buscando preencher a vaga com outra mulher melhor do que Vasti.

            Em terceiro lugar, a mão invisível da providência pode ser vista na dança das cadeiras. No interregno dessas questões conjugais do rei, a Pérsia sofre uma dolorosa derrota para os gregos e Assuero volta humilhado para a sua terra, sentindo ao mesmo tempo saudades da rainha Vasti. Nesse momento, uma outra sugestão lhe é dada. Moças virgens e belas de todo o império deveriam ser convocadas para que o rei, dentre elas, escolhesse a sucessora de Vasti. Segundo Flávio Josefo, historiador judeu, quatrocentas virgens foram convocadas para receberem tratamento de um ano, antes de serem apresentadas ao rei. Nesse concorrido certame, pela mão invisível da providência, a órfã judia Ester foi contemplada e foi coroada rainha da Pérsia. Uma exilada está agora assentada no trono, ao lado do rei mais poderoso do mundo.

            Em quarto lugar, a mão invisível da providência pode ser vista na mudança radical das posições. Depois das bodas de Assuero e Ester, o rei persa exaltou o agagita Hamã à uma posição de honra no império, acima de todos os demais príncipes e ordenou que todos se prostrassem diante dele. Mordecai, porém, não se submetia e não se curvava. Isso, levou Hamã a ficar furioso e tomar a decisão de matar Mordecai e exterminar o seu povo. Todavia, os judeus se uniram para jejuar e a rainha Ester, desafiada por Mordecai, tomou a decisão de expor a situação ao rei, mesmo sabendo que poderia perecer nesse pleito. Mordecai, que havia informado Ester sobre um plano de conspiração contra o rei, agora é honrado do pelo rei. Hamã que havia construído uma forca para matar Mordecai, é desmascarado por Ester e acaba sendo dependurado nessa forca. Hamã intentava saquear os judeus, mas foram os seus bens que lhe foram tirados. Hamã perece, enquanto Mordecai ocupa o seu lugar. A morte que Hamã intentou impor aos judeus caiu sobre sua própria cabeça e num efeito colateral eliminou toda a sua família. Quem estava no topo da pirâmide despencou para o chão. Quem estava com vestes rasgadas e vestindo pano de saco e cinza foi coberto de trajos reais.

            Em quinto lugar, a mão invisível da providência pode ser vista na mudança do choro para a festa da alegria. Os judeus que já estavam sentenciados de morte em todas as províncias do império, agora recebem, por novo decreto do rei, o direito de se defenderem e como monumento desse grande livramento, os judeus passaram a celebrar a festa do Purim, a festa do livramento da morte. Até hoje, nessa festa, o livro de Ester é lido e essa história da mão invisível da providência é contada. O nome de Deus pode estar ausente, quando a providência é carrancuda, mas a sua mão continua conduzindo os destinos de seu povo!

Rev. Hernandes Dias Lopes

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