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A IGREJA EXAMINADA POR JESUS

            Os dias mais amargos da perseguição à igreja haviam chegado desde que Nero, no ano 54 d.C., assumiu o comando do império romano. O imperador era um homem devasso, violento e cruel. No dia 17 de julho do ano 64 d.C., o próprio imperador colocou fogo na cidade de Roma e colocou a culpa desse crime horrendo na conta dos cristãos. Os anos que se seguiram foram de atroz sofrimento para o povo de Deus. Os crentes foram crucificados, queimados vivos e jogados às feras. No período do imperador Domiciano, quando todos os apóstolos já estavam mortos pelo viés do martírio, o apóstolo João, o último sobrevivente do grupo apostólico, foi deportado para a ilha de Patmos, uma espécie de colônia penal. Ali, o nosso glorioso Redentor revelou-se a ele, mostrando-lhe que Deus está no trono e que a história não está à deriva.

            João vê o Cristo vitorioso no meio das igrejas, andando entre elas, avaliando-as. Nesse escrutínio meticuloso, Jesus fez elogios e censuras às igrejas. Exortou, consolou e fez promessas. O diagnóstico de Jesus, porém, não raro, diverge frontalmente da análise que fazemos. Vejamos:

            Em primeiro lugar, há igrejas pobres aos olhos dos homens, mas rica aos olhos de Deus. Todos nós temos uma ideia do que seja uma igreja rica. Normalmente, achamos que uma igreja rica é aquela que tem muitos membros, reúne-se num templo suntuoso e possui um orçamento robusto. Porém, a igreja de Esmirna era pobre financeiramente, mas rica espiritualmente. Era pobre aos olhos dos homens, mas rica aos olhos de Deus. Era pobre na terra e rica no céu. Por outro lado, a igreja de Laodiceia, a mais rica igreja da Ásia, vangloriava-se de que era rica e abastada e não precisava de coisa alguma. Porém, Jesus ao examiná-la, dá um outro diagnóstico. Afirma, peremptoriamente, que a igreja era pobre e miserável. Oh, quão diferente do nosso é o conceito de Jesus acerca da verdadeira riqueza de uma igreja. O que é importante não é uma igreja ser rica aos olhos dos homens, mas ser rica aos olhos daquele que tudo conhece e a todos sonda.

            Em segundo lugar, há igrejas vivas aos olhos dos homens, mas mortas aos olhos de Deus. A igreja de Sardes tinha uma fama na cidade de ser uma igreja viva. Talvez seus cultos fossem cheios de entusiasmo. Suas celebrações deviam transbordar de emoções. Para um observador comum, aquela igreja estava experimentando um poderoso avivamento. Porém, Jesus a examina e dá um outro diagnóstico. Diz que ela só tinha nome de uma igreja viva, mas estava morta. A maioria de seus membros estavam com vestiduras sujas; apenas uns poucos não tinham ainda se contaminado. Ninguém pode esconder nada daquele, cujos olhos são como chama de fogo. Ele conhece as obras da igreja. Ele conhece as tribulações da igreja. Ele conhece onde a igreja está e como ela está. É ainda comum, em nossos dias, pessoas aprenderem jargões e clichês espirituais para impressionar os homens acerca de sua pretensa espiritualidade. Mas o Senhor da igreja não se impressiona com esses gestos, pois ele sonda os corações e requer a verdade no íntimo.

            Em terceiro lugar, há igrejas que têm pouca força, mas Deus coloca diante delas portas abertas. A igreja de Filadélfia era uma igreja fraca, mas o Senhor havia colocado diante dela uma porta aberta. As portas que Jesus abre ninguém pode fechá-las e as portas que Jesus fecha, ninguém pode abri-las. O que é importante não é ser uma igreja forte na avaliação dos homens, mas ser uma igreja fiel ao Senhor Jesus, o cabeça da igreja. Nosso papel é aproveitar as portas abertas, ainda que haja nesse ingresso muitas tribulações. Não nos cabe arrombar as portas que Jesus fecha. Precisamos ter olhos para ver, coração para discernir e disposição para obedecer.

            Ao sondar as sete igrejas da Ásia, Jesus fez elogios e nenhuma censura às igrejas de Esmirna e Filadélfia, a mais pobre e a mais fraca respectivamente. Para quatro igrejas, Éfeso, Tiatira, Pérgamo e Sardes Jesus fez elogios e censuras. Porém, para a igreja de Laodiceia, Jesus só fez censuras e nenhum elogio. Quando o Senhor Jesus examina a nossa vida e a nossa igreja, qual é o seu diagnóstico?

Rev. Hernandes Dias Lopes

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