A BÊNÇÃO TRINITARIANA

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2Co 13.13).

            O veterano apóstolo Paulo encerra sua segunda carta aos coríntios com a bênção Trinitariana. Há um só Deus, que subsiste em três pessoas iguais em essência, porém, distintas em personalidade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não são uma só pessoa em três formas distintas de agir. São três pessoas da mesma natureza, tendo os mesmos atributos, realizando as mesmas obras. No que consiste a bênção Trinitariana? Vejamos:

            Em primeiro lugar, a graça do Senhor Jesus Cristo. A graça é um favor imerecido concedido a nós, pecadores indignos. Somos salvos pela graça. Somos fortalecidos pela graça. Nada podemos sem a graça. Nossa salvação não é uma conquista das obras, mas uma oferta da graça. Não somos salvos pela obra que realizamos para Deus, mas pela obra que Deus realizou por nós, por intermédio de Jesus Cristo. Mesmo sendo nós, outrora, escravos do diabo, do mundo e da carne; mesmo sendo nós, outrora, cativos, depravados e condenados; mesmo estando nós, outrora, mortos em nossos delitos e pecados, Deus nos amou e pela graça de Jesus Cristo nos salvou. A graça não nos é dada por causa dos nossos méritos, mas apesar dos nossos deméritos. Deus nos amou e derramou sobre nós a abundante graça de Jesus Cristo, quando éramos ainda fracos, ímpios, pecadores e inimigos de Deus. Pela graça entramos no céu. Pela graça somos fortalecidos na fraqueza. Pela graça, vivemos vitoriosamente neste mundo tenebroso.

            Em segundo lugar, o amor de Deus. O amor é um atributo que orna o ser de Deus. Deus é amor. A causa do seu amor por nós não está em nós, mas nele mesmo. Ele nos amou primeiro. Seu amor é abundante, imerecido e provado. Seu amor é eterno e constante. Ele nos ama e nos atrai para si mesmo com cordas de amor. Ele nos ama e não aceita que tenhamos um coração dividido. Ele requer de nós devoção exclusiva. O amor de Deus por nós é singular pela sua abrangência: Ele amou o mundo, não fazendo acepção de pessoas. O amor de Deus é sem limites, pois por nos amar, não poupou a seu próprio Filho, antes por todos nós o entregou. Ele amou o mundo de tal maneira, a ponto de dar o seu Filho unigênito, para morrer na cruz pelos nossos pecados. O amor de Deus é proposital: Ele nos amou para que, crendo nós em Jesus Cristo, não pereçamos, mas tenhamos a vida eterna. O amor de Deus por nós não é uma decisão de última hora, mas uma deliberação eterna, antes mesmo da fundação do mundo. O plano da redenção não é um plano B, porque o plano A fracassou. O Cordeiro de Deus foi entregue antes dos tempos eternos. Por amor, Deus nos escolheu em Cristo para sermos santos e irrepreensíveis antes da fundação do mundo. Por amor, Deus nos adotou como filhos, para sermos seus herdeiros e coherdeiros com Cristo. O amor de Deus não pode ser descrito em palavras. Mesmo que usávamos a eloquência de grandes oradores da história como Demóstenes, Cícero, João Crisóstomo, Charles Spurgeon jamais poderíamos definir o amor de Deus. Mesmo que todas os mares fossem tinta, todas as nuvens fossem papel, todas as árvores fossem canetas e todos os homens escritores, nem mesmo assim poderíamos descrever o amor de Deus.

            Em terceiro lugar, a comunhão do Espírito Santo. Deus, o Pai nos escolheu; Deus, o Filho nos redimiu; Deus, o Espírito Santo nos regenerou e nos batizou no corpo de Cristo. Agora, pertencemos à família de Deus. É o Espírito Santo quem produz comunhão entre os remidos. Sem o Espírito Santo não tem vida na igreja. É ele quem regenera. É por meio dele que nascemos de novo. É ele quem nos batiza no corpo de Cristo e nos sela para o dia da redenção. Ele é o penhor do nosso resgate. Ele é quem nos santifica e nos dá dons para servirmos uns aos outros. É ele quem nos dá poder para fazermos a obra de Deus. É ele quem promove a comunhão entre todos aqueles que foram lavados no sangue do Cordeiro. Que a bênção Trinitariana seja mais do que uma fórmula para encerrarmos nossos cultos devocionais. Que seja um instrumento de fortalecimento da nossa fé e encorajamento para nossa caminhada cristã.

Rev. Hernandes Dias Lopes