UMA SINFONIA DE GEMIDOS

            Um gemido é uma expressa tão intensa de desejo ou sofrimento que as palavras não são suficientes para expressá-la. O gemido é inexprimível. Não pode ser articulado em palavras. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos, fala sobre uma sinfonia de gemidos, destacando que os gemidos estão presentes na natureza, na igreja e na divindade. Vejamos:

            Em primeiro lugar, os gemidos da criação (Rm 8.19-22). A natureza está gemendo e se contorcendo de dores e angústia por causa da vaidade e corrupção a que foi sujeita pelo pecado. O pecado entrou no mundo e contaminou toda a criação. O mundo está sob o efeito e a condenação do pecado. Os gemidos da natureza, porém, não são gemidos de desespero, mas de esperança. A natureza aguarda a redenção dos filhos de Deus, quando Deus, então, trará à luz novos céus e nova terra. Toda a criação será resgatada do seu cativeiro. As marcas do pecado serão apagadas. Os desajustes da natureza serão corrigidos. Não haverá mais qualquer sinal ou presença do pecado em todo o vasto universo. A glória de Deus se estenderá a todos os recantos deste vasto e insondável universo.

            Em segundo lugar, os gemidos da igreja (Rm8.23). Os filhos de Deus, que têm as primícias do Espírito também gemem. Seus gemidos são por causa do pecado e na expectativa da glória. Gememos não porque estamos privados de esperança, mas gememos, como que aguardando, na ponta dos pés, a gloriosa volta do Senhor Jesus, quando seremos libertos da presença do pecado e receberemos um corpo de glória, semelhante ao corpo da glória do Senhor. Enquanto aqui caminharmos, suportaremos angústia e dor. Embora, os crentes já tenham sido libertos da condenação do pecado na justificação e estamos sendo libertados do poder do pecado na santificação, só seremos libertos da presença do pecado na glorificação. Nossa jornada, aqui, é timbrada de sofrimento atroz. Não pisamos tapetes aveludados nem vivemos num jardim engrinaldado de flores. Aqui caminhamos por desertos tórridos, cruzamos vales sombrios, atravessamos pântanos perigosos e navegamos por mares revoltos. Porém, quando Jesus voltar, em majestade e glória, ele mesmo enxugará dos nossos olhos toda a lágrima. Não haverá mais pranto nem dor. O luto nunca mais deixará marcas sofridas em nossa vida, pois a morte não mais existirá. Receberemos um corpo imortal, incorruptível, poderoso, glorioso, espiritual e celestial. E estaremos com Cristo pelos séculos sem fim. Contemplares a sua face e reinaremos com ele.

            Em terceiro lugar, os gemidos do Espírito Santo (Rm 8.26). O apóstolo Paulo conclui a sinfonia dos gemidos, afirmando que o Espírito Santo não apenas nos assiste em nossa fraqueza, mas também intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. Se Jesus é o nosso intercessor legal, que intercede por nós, à destra da Majestade, o Espírito Santo intercede por nós, em nós, ao Deus que está sobre nós. Se Jesus intercede por nós no céu, o Espírito Santo intercede por nós na terra. Se Jesus intercede por nós no trono de sua graça, o Espírito Santo intercede por nós em nós e isso, com gemidos inexprimíveis. A intercessão do Espírito é intensa, agônica e eficaz. Ele que conhece todas as línguas, idiomas e dialetos de todos os povos, de todos os tempos, de todos os lugares; ele que conhece a língua dos anjos e dos homens, quando está intercedendo por nós, em nós, ao Deus que está sobre nós, não encontra sequer uma língua no céu nem na terra. Então, geme com gemidos inexprimíveis. Oh, profundidade de compaixão! Oh, amor sem igual! Oh, misericórdia indizível!

            Hoje, a natureza, a igreja e o Espírito Santo gemem, mas em breve, essa sinfonia de gemidos transformar-se-á em cânticos de júbilo, em alegria indizível e cheia de glória e as dores e gemidos terão ficado para trás, pois no paraíso, para onde vamos, a dor nunca mais latejará em nosso peito, as lágrimas nunca mais rolarão em nossa face e o sofrimento nunca mais terá acesso ao nosso lar eterno!

Rev. Hernandes Dias Lopes

1 comentário em “UMA SINFONIA DE GEMIDOS”

  1. Fernando Dias de Souza

    Hoje vivemos uma sinfonia de gemidos, com milhares de lágrimas e soluços incapazes de expressar a dor que atinge a natureza, atribula a igreja e comove o Espírito Santo. Quando Cristo romper entre as nuvens do céu sobre o cavalo branco e miríades de anjos, o movimento da música se transformará numa triunfante apoteose em louvor àquele que deu a vida para que tudo e todos pudessem ter um novo começo.

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