O veterano apóstolo Paulo, depois de sua primeira prisão em Roma e antes de seu segundo encarceramento na capital do império, escreveu sua primeira carta ao jovem Timóteo, orientando-o a como proceder na igreja de Deus. Dentre os vários assuntos abordados nessa epístola pastoral, Paulo trata das qualificações de um presbítero. Vejamos:
Em primeiro lugar, a aspiração ao presbiterato é legítima (1Tm 3.1a). “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado…” O episcopado ou presbiterato é uma sacrossanta vocação, que pode ser legitimamente desejada. Esse ofício não pode ser imposto a ninguém. Nenhuma pessoa deve exercê-lo de forma constrangida (1Pe 5.1-4). O desejo de ser presbítero deve ser confirmado pela livre escolha do povo de Deus, em assembleia solene.
Em segundo lugar, o presbiterato não é um posto de privilégios, mas uma plataforma de trabalho (1Tm 3.1b). “… excelente obra almeja”. O presbítero deve pastorear todo o rebanho de Deus, uma vez que foi constituído pelo Espírito Santo para esse santo ministério (At 20.28). O presbiterato, portanto, não é um posto de privilégios, mas uma plataforma de trabalho e trabalho árduo. O presbítero não é um homem levantado por Deus para ser servido pelas ovelhas de Cristo, mas um servo chamado por Deus para cuidar das ovelhas do Bom Pastor.
Em terceiro lugar, o presbítero é um homem que tem bom testemunho dentro de casa e fora dos portões (1Tm 3.2,5,7). O presbítero é um homem de uma só mulher, que governa bem sua própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito. Sua vida no lar é o alicerce de sua conduta fora de casa. Os princípios que governam sua vida são transmitidos a seus filhos. A mesma verdade que vive e prega aos outros, é ensinada aos filhos com todo zelo. Seu testemunho dentro de casa referenda seu ministério na igreja de Deus. Além de ter uma conduta ilibada dentro de casa, tem bom testemunho dos de fora. É um homem consistente tanto no recesso do lar como na sua vida pública.
Em quarto lugar, o presbítero é um homem que tem o coração aberto, o bolso aberto e a casa aberta (1Tm 3.2,3). O presbítero não pode ser um homem avarento, ou seja, amante da prata. Quem ama o dinheiro não pode amar a Deus nem ao próximo. O presbítero precisa ser um homem hospitaleiro, ou seja, amigo dos estrangeiros. É um homem de coração aberto para amar, de bolso aberto para socorrer aos necessitados e de casa aberta para acolher os forasteiros.
Em quinto lugar, o presbítero é um homem equilibrado, de notório domínio próprio (1Tm 3.2,3). O presbítero deve ser um homem temperante, sóbrio e modesto. Não é dado ao vinho nem às contendas. Ele vive em paz e promove a paz. O presbítero não é um provocador de intrigas, mas um apaziguador. Não cava abismos entre as pessoas, mas constrói pontes de reconciliação entre elas. Seu temperamento é controlado pelo Espírito. Suas palavras são medicina para alma. Suas ações e reações trazem paz à igreja e não guerra.
Em sexto lugar, o presbítero é um homem estudioso das Escrituras, apto para ensinar o povo de Deus (1Tm 3.2,6). O presbítero não pode ser um neófito, ou seja, um novo convertido. Precisa ter notório conhecimento das Escrituras e reconhecida maturidade espiritual, pois cabe-lhe a honrosa tarefa de ensinar o povo de Deus. Ele precisa ser apto para ensinar. Ninguém pode dar o que não tem. Ninguém pode ensinar a Palavra de Deus se não se alimenta da Palavra.
Em sétimo lugar, o presbítero é um homem que deve vigiar constantemente seu coração para não cair nos laços da soberba (1Tm 3.6,7). A liderança que exerce não pode fazer do presbítero um homem soberbo, altivo de coração. Render-se à soberba é incorrer na condenação do diabo. É cair no opróbrio e no laço do diabo. Nunca é demais enfatizar, portanto, que a vida do líder é a vida de sua liderança. O presbítero deve cuidar de sua piedade certo de que Deus cuidará de sua reputação.
Rev. Hernandes Dias Lopes