A SOBERANA INTERVENÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA

         O cântico de Ana, registrado no primeiro livro de Samuel é revolucionário. Uma mulher oprimida por sua esterilidade, ultrajada por sua rival, incompreendida pelo sacerdote e encorajada a desistir de seu sonho pelo seu marido, triunfa pela oração, testifica o milagre de Deus em sua vida e expressa sua adoração a Deus, através de um cântico, onde ela enaltece a soberania de Deus. Quatro verdades são aqui destacadas:

         Em primeiro lugar, a incomparabilidade de Deus (1Sm 2.1,2). Deus é incomparável em sua dignidade. Ele é o Senhor, o Deus Javé, autoexistente, autossuficiente e incriado. Ele é o Deus da aliança, o Deus da salvação, digno de receber toda a adoração. Ele é incomparável em sua santidade, em seu poder e em sua sabedoria. Ele é o único Deus e o único refúgio. Portanto, qualquer arrogância diante dele é pura insensatez e consumada loucura.

         Em segundo lugar, a capacidade de Deus de mudar a sorte tanto dos poderosos quanto dos humildes (1Sm 2.4,5). Deus é poderoso para derrubar alguém altivamente encastelado entre as estrelas e fortalecer o débil, nocauteado por suas fraquezas. O arco dos fortes é quebrado enquanto os fracos são cingidos de força. Deus tira o rico abastado do topo da pirâmide e o faz descer às profundezas da necessidade extrema, mas abastece com abundância de pão aqueles que estavam amargando fome avassaladora. Deus é poderoso para abrir a madre da mulher estéril e fazê-la plenamente fértil e tirar a força daquela que tinha muitos filhos. Aquele que estava em cima cai e vem ao chão e o que estava na lona é levantado e escala as alturas.  Esses fatos não são resultado do acaso nem mesmo consequência da ingerência humana, mas da ação divina.

         Em terceiro lugar, a soberania de Deus na história dos homens (1Sm 2.6-8). Ana proclama neste cântico, com firmeza granítica, que o Senhor é quem tira a vida e a dá. Ele é o doador da vida e só ele tem autoridade para tirá-la. Ele tem autoridade para fazer o homem descer à sepultura e sob o comando de sua voz, os mortos sairão do túmulo. O Senhor é quem empobrece e enriquece o homem. É ele quem faz tanto o rico quanto o pobre. A riqueza não é apenas resultado do engenho humano, mas da providência divina. A pobreza não é apenas fruto da inépcia humana, mas também da soberania de Deus. Compete a Deus abaixar o homem e também exaltá-lo. Ele rebaixa uns e exalta outros. Ele humilha o orgulhoso e honra o humilde.  O Senhor é capaz de pegar um indivíduo na sarjeta, restaurá-lo e fazê-lo assentar-se entre príncipes. Na ciranda vida, os acontecimentos mudam não ao sabor das circunstâncias casuais, mas as cadeiras dançam, pela ação da mão onipotente de Deus.

         Em quarto lugar, a justiça discricionária de Deus (1Sm 2.9,10). Deus conhece e sonda todos os homens. Ele sabe distinguir os piedosos dos perversos. Ele protege os piedosos, mas coloca os perversos em completo desamparo. Aqueles que se insurgem contra Deus e contra o seu ungido jamais prevalecerão. Contra eles o Senhor troveja desde os céus e isso em toda a extremidade da terra. Concluímos, portanto, afirmando que assim como Deus mudou o cenário da história de Ana, ele tem poder também para mudar o cenário de sua vida.

Rev. Hernandes Dias Lopes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima