“Seja outro o que te louve, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios” (Pv 27.2).
O autoelogio não fica bem. Não é adequado nem sensato. Não enaltece seu proponente, apequena-o. Não é um gesto belo, mas reprovável. Acender as luzes da ribalta sobre si mesmo, para elogiar a si mesmo, produz um brilho falso. Isso não passa de escuridão moral.
Quais são os perigos do auto-elogio?
Em primeiro lugar, o autoelogio conspira contra a humildade. A humildade é a porta de entrada da honra. Exaltar a si mesmo, é uma forma inadequada de buscar reconhecimento. É uma postura inaceitável de autopromoção. O bom senso diz que os elogios só adornam o caráter se procederem do próximo. Gabar-se é altivez de espírito. Vangloriar-se é arrogância. Rasgar elogios a si mesmo é consumada insensatez, é orgulho tolo e megalomania infantil. O texto bíblico é categórico: “Seja outro o que te louve, e não a tua boca”.
Em segundo lugar, o autoelogio conspira contra a realidade. Aquele que se coloca no pedestal, para acender holofotes sobre si mesmo, perde não apenas o senso do ridículo, mas, também, da realidade. Estes enxergam suas virtudes em lentes de aumento e escondem seus defeitos. Batem palmas para suas pretensas qualidades e varrem para debaixo do tapete suas deficiências. Na verdade, tentam passar uma imagem mais positiva, do que a realidade requer. Aqueles que se auto elogiam sentem-se mais inteligentes, mais bem apessoados, mais habilidosos, mais ricos e mais talentosos do que de fato são. Esses superdimencionam a sua imagem para, tacitamente, diminuírem a imagem dos outros.
Em terceiro lugar, o autoelogio conspira contra altruísmo. O autoelogio é uma forma de crescer, diminuindo o próximo. É uma comparação injusta. É o discurso tolo de se apresentar como o melhor em comparação com os demais. Rasgar seda para si mesmo é julgar-se superior aos outros. É uma forma adoecida de autoestima, uma conduta inaceitável nos relacionamentos humanos. É falta de amor, de ética e de altruísmo. É egoísmo exacerbado, vaidade inflada, orgulho vazio.
Em quarto lugar, o autoelogio conspira contra Deus. O autoelogio conspira contra o próximo, contra si mesmo e contra Deus, pois Deus resiste ao soberbo. Os que são exaltados por Deus não são aqueles que se autopromovem, mas aqueles que se humilham. Os humildes é que serão exaltados. O autoelogio é superestimar aquele que deve ser servo. É querer estar acima de seu próprio Senhor, que sendo Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo. No reino de Deus a pirâmide está invertida. Aquele que quiser ser o maior, será o menor e o servo de todos!
Rev. Hernandes Dias Lopes