UMA VOLTA AO PRIMEIRO AMOR

“Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor” (Ap 2.4).

            A igreja de Éfeso tornou-se uma das mais importantes e estratégicas igrejas do primeiro século, superando até mesmo as igrejas de Jerusalém e Antioquia da Síria. Foram pastores dessa  igreja Paulo, Timóteo e João. A igreja tornou-se um polo de proclamação do evangelho às outras cidades da província da Ásia Menor, como Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodiceia, Colossos e Hierápolis.

            Quando Paulo escreveu sua carta aos Efésios, da primeira prisão em Roma, destacou a fé, a esperança e o amor como marcas distintivas da igreja. Quarenta anos depois, Jesus elogia a igreja pela sua fidelidade doutrinária, pelo seu zelo moral e sua perseverança em meio à perseguição, porém, reprova a igreja pelo fato dos crentes terem abandonado o seu primeiro amor.

            Destacamos, aqui, três lições:

            Em primeiro lugar, a fidelidade doutrinária não é um substituto do relacionamento com Deus. A igreja de Éfeso era ortodoxa, fiel à sã doutrina, colocando à prova os falsos apóstolos. A igreja tinha um acendrado amor à verdade e não transigia com os absolutos da palavra de Deus. A ortodoxia é boa e insubstituível, porém, a ortodoxia precisa desembocar na ortopraxia. A doutrina precisa vir acompanhada da vida. A fidelidade doutrinária precisa ser ornada pelo fervor espiritual. A ortodoxia morta, mata. Um crente pode ser ortodoxo e ao mesmo tempo ser árido como um deserto, seco como um poste. Há, ainda hoje, muitos crentes ortodoxos de cabeça e hereges de conduta. Têm luz na mente, mas não fogo no coração. São zelos da doutrina, mas já abandonaram o seu primeiro amor.

            Em segundo lugar, o zelo pela conduta santa não dispensa o fervor espiritual. A igreja de Éfeso além de ortodoxa, era, também, uma igreja ética. Ele não apenas colocava à prova os falsos apóstolos, como também, odiava a obra dos nicolaítas. Esses hereges de plantão induziam as pessoas a comer carne sacrificada aos ídolos e arrastavam as pessoas à imoralidade. A igreja tinha zelo pela conduta, cuidado com a ética e compromisso com a santidade. Porém, na mesma medida que lutava pela sã doutrina e pela conduta ilibada, a igreja perdeu o fervor espiritual. Na defesa da verdade, a igreja perdeu a piedade. Colocaram a vida espiritual no piloto automático. Eram fiéis, mas não entusiasmados. Não serviam a outros deuses, mas não amavam mais ao Senhor de todo o coração. Eram ortodoxos, mas não fervorosos.

            Em terceiro lugar, o trabalho fiel em meio às perseguições não dispensa a intimidade com Deus. A igreja de Éfeso foi elogiada pelo Senhor Jesus pelas suas obras e perseverança em meio às provações. Porém, trabalho e tenacidade não dispensam o acendrado amor pelo Senhor e pelos irmãos. A marca do verdadeiro discípulo é  amor. Sem amor, nosso conhecimento, nossas obras e nossa religiosidade perdem o brilho, a beleza e o perfume. O que precisamos fazer é lembrar de onde caímos, arrependermo-nos e voltarmos à prática das primeiras obras. Conclamo a você, portanto, para juntos voltarmos ao início de tudo, voltarmos ao primeiro amor, voltarmos ao Senhor.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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