O apóstolo Paulo, o paladino da fé, o grande bandeirante do cristianismo, o arauto do evangelho entre os gentios, na sua segunda epístola aos coríntios expôs a doutrina da reconciliação com Deus. O autor da reconciliação é Deus. O agente da reconciliação é Cristo. A base da reconciliação é o sacrifício de Cristo na cruz. Hoje, nós que estávamos longe, fomos aproximados. Nós, que éramos inimigos, fomos reconciliados. Nós que tínhamos uma dívida impagável, fomos perdoados. Nós que estávamos condenados, fomos justificados. O preço pago na cruz foi completo. Não há mais dívida a pagar. Não há mais condenação a sofrer. Já nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus.
Com respeito à nossa reconciliação com Deus, três verdades são postas em relevo pelo apóstolo Paulo no texto de 2 Coríntios 5.18-21. Vejamos:
Em primeiro lugar, Deus não colocou em nossa conta a nossa dívida. Nossa dívida com Deus é impagável (2Co 5.18,19). Jamais poderíamos quitá-la. O pecado é uma dívida que não conseguimos saldar. Como o pecado faz separação entre nós e Deus, o próprio Deus tomou a iniciativa de nos buscar, atraindo-nos para ele, por meio de Cristo, com cordas de amor. O primeiro ato de Deus, então, foi não colocar em nossa conta a nossa dívida. Deus não imputou aos homens as suas transgressões.
Em segundo lugar, Deus colocou a nossa dívida na conta de Jesus, seu Filho (2Co 5.21a). Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós. O Filho de Deus, o Verbo eterno, encarnou-se. Sendo Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus. Assumiu a forma de servo e humilhou-se até à morte e morte de cruz. Ele veio ao mundo como nosso fiador e substituto. Deus lançou sobre ele a iniquidade de todos nós. Ele carregou sobre o seu corpo, no madeiro, os nossos pecados. Ele foi feito pecado. Ele bebeu sozinho o cálice amargo da ira de Deus que deveria cair sobre nossa cabeça. Ele foi feito maldição. Ele morreu pelos nossos pecados. Ele quitou a nossa dívida, não com ouro o prata, mas com o seu próprio sangue. Assim, todo aquele que está em Cristo, está quites com a lei de Deus e com as demandas da justiça de Deus.
Em terceiro lugar, Deus colocou a justiça de Jesus, seu Filho, em nossa conta (2Co 5.21b). Em Cristo nós fomos feito justiça de Deus. Isso significa que a justiça plena de Cristo foi depositada em nossa conta. Não apenas estamos perdoados da dívida, mas temos, também, um crédito infinito, a justiça de Cristo. Somos declarados justos diante do justo tribunal de Deus. Por causa da justiça do Justo, imputada a nós, injustos, somos declarados justos pelo justo Deus. A justiça foi cabalmente satisfeita. Fomos justificados pela fé e reconciliados com Deus. Agora, com respeito ao passado temos paz com Deus, com respeito ao presente temos acesso à graça e, com respeito ao futuro, temos expectativa da glória: paz, graça e glória são os frutos da justificação e as evidências de reconciliação.
Rev. Hernandes Dias Lopes