“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14).
O propósito de João é provar a divindade de Jesus Cristo, o nosso glorioso Redentor. Por isso, nada fala de sua genealogia nem mesmo de sua infância. Logo no prólogo de seu evangelho, João já faz ousadas afirmações acerca da divindade de Cristo. Algumas dessas verdades devem ser destacadas:
Em primeiro lugar, Jesus o Verbo eterno. “No princípio era o Verbo…” (Jo 1.1). Jesus é o Verbo de Deus, aquele por meio de quem Deus se apresenta e se expressa. Deus falou muitas vezes, de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, mas agora nos fala pelo Filho. Jesus, como Verbo de Deus, não passou a existir. Ele é eterno e o Pai da eternidade. Nunca teve origem, pois ele mesmo é a origem de todas as coisas. Quando tudo passou a existir, o Verbo já existia. Quando as cortinas do tempo foram abertas na criação de todas as coisas, ele já existia e isso desde toda a eternidade. Eternidade é um atributo exclusivo de Deus. Logo, a eternidade do Verbo é uma evidência inequívoca de sua divindade.
Em segundo lugar, Jesus é o Verbo pessoal. “… e o Verbo estava com Deus…” (Jo 1.1). A expressão grega (pros ton Teon), é uma prova de que o Verbo não é uma energia impessoal, mas uma pessoa. No princípio quando tudo passou a existir, o Verbo já estava face a face com Deus. A comunhão do Filho com o Pai recua à eternidade. Ele não estava apenas face a face com o Pai, mas estava em plena igualdade. Ambos, Pai e Filho são da mesma substância. Ambos são revestidos da mesma pessoalidade e da mesma glória. Ambos são coiguais, coeternos e consubstanciais.
Em terceiro lugar, Jesus é o Verbo divino. “… e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Depois da enfatizar a eternidade e a pessoalidade do Verbo, João, agora, afirma, categoricamente, que Jesus é Deus. Não um ser inferior a Deus. Não um ser criado por Deus. Mas, embora distinto de Deus, é da mesma substância de Deus. Todo o evangelho de João é uma robusta tese comprobatória da divindade de Jesus. Ele tem os mesmos atributos e realiza as mesmas obras. Afirmou ser Deus e recebeu adoração como Deus.
Em quarto lugar, Jesus é o Verbo criador (Jo 1.3). “Todas as coisas foram feitas por ele e sem ele nada do que foi feito se fez”. Jesus é o agente da criação. Tudo foi feito por meio dele e para ele. Ele criou as coisas visíveis e invisíveis. Criou o mundo material e o mundo espiritual. Criou os homens e os anjos. Criou as estrelas mais distantes e os seres mais minúsculos que não podemos ver a olho nu. Ele mediu as águas dos mares na concha da sua mão e pesou o pó da terra em balança de precisão. Mediu os céus a palmo e espalhou as estrelas no firmamento.
Em quinto lugar, Jesus é o Verbo encarnado (Jo 1.14). “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. Aquele que é transcendente, tornou-se imanente. Aquele que nem o céu dos céus pode contê-lo, esvazia-se e entra no ventre de uma mulher. Aquele é maior do que universo, nasceu numa manjedoura e foi enfaixado em panos. Aquele é Deus eterno fez-se homem; aquele que é o Rei dos reis, fez-se servo; aquele que é Espírito invisível, vestiu pele humana e armou sua tenda entre nós, para revelar-nos a glória do Pai. Jesus é o Verbo eterno, pessoal e divino. Jesus é o Verbo que tem vida em si mesmo e trouxe à existência o universo. Jesus é o Verbo que renunciou a sua glória eterna com o Pai, para vir ao mundo revelar-nos o Pai!
Rev. Hernandes Dias Lopes