Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis” (2Tm 3.1)
O apóstolo Paulo estava vivendo dias difíceis. Estava preso na masmorra Mamertina, em Roma; um lugar úmido, escuro e insalubre. Sendo o líder mais destacado da igreja cristã no ocidente, foi acusado de estar por trás do incêndio de Roma. Sendo já velho e estando cheio de cicatrizes, foi algemado nessa prisão, de onde as pessoas saíam leprosas ou para o martírio. Sendo o bandeirante da fé e plantador de igrejas pelas províncias romanas, foi abandonado à sua própria sorte nesse claustro da morte. Sendo inocente, foi julgado à revelia, uma vez que ninguém foi a seu favor. Sendo o maior intérprete da mente de Cristo, foi degolado como mártir do cristianismo.
Hoje, como naquele tempo, vivemos também dias difíceis. E por quê? Pelas mesmas razões! O veterano apóstolo menciona três motivos pelos quais a sociedade estava de ponta cabeça (2Tm 3.1-5). Vejamos:
Em primeiro lugar, os homens são amantes de si mesmos. A palavra “egoístas” na língua grega é philautos, “amante de si mesmo”. Sempre que o “eu” vem antes do “outro” tornamo-nos egoístas. As prioridades da vida devem ser: adorar a Deus, amar ao próximo e usar as coisas. Porém, quando as coisas estão invertidas, esquecemo-nos de Deus, usamos as pessoas e amamos as coisas. O egoísmo é a idolatração do “eu”. Sempre que nossos interesses sobrepõem aos interesses do próximo, as relações adoecem e a vida se perde nos labirintos da indiferença e da injustiça. O mundo está adoecido e carimbado pela violência porque cada um vive para si e enxerga o próximo como alguém a ser explorado e até destruído para se auferir vantagens pessoais.
Em segundo lugar, os homens são amantes do dinheiro. A palavra “avarentos” na língua grega é philarguros, literalmente, “amigos da prata”. O dinheiro é um feitor de escravos. É o ídolo mais adorado em nossa geração. As pessoas vivem e morrem por causa do dinheiro. Muitos se casam e descasam por causa de dinheiro. Há aqueles que matam e morrem por causa do dinheiro. Por amor ao dinheiro, muitos corrompem e são corrompidos. Há aqueles que vendem a alma para o diabo para alcançar riquezas. O problema não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro. O problema não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele. A raiz de todos os males não é o dinheiro, mas o amor do dinheiro. O dinheiro é um bom servo, mas um péssimo patrão. Aqueles que amam o dinheiro estão dispostos a sacrificar relacionamentos por causa dessa devoção. É impossível servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo, pois onde estiver o tesouro do homem aí também estará o seu coração.
Em terceiro lugar, os homens são mais amantes dos prazeres do que de Deus. A expressão “amantes dos prazeres” na língua grega é philedonos. O hedonismo é a filosofia que prega o prazer como o sentido último da vida. O homem é um ser ávido pelo prazer. Busca-o nas festas, nas bebidas, na riqueza, no sexo, na fama. Joga para dentro do coração todos esses baldes de prazer na ânsia de satisfazer sua alma. O prazer torna-se um substituo de Deus. O homem por amar mais os prazeres do que a Deus, rende-se a esse ídolo e faz dele um deus ou um substituto de Deus. O sistema do mundo cria todos os dias entretenimento para dar ao homem satisfação. Jogos, filmes, parques de diversão, aventuras as mais picantes são colocadas no cardápio desse banquete hedonista. Porém, nessa festa do prazer, o homem só encontra desilusão. Tudo que o homem experimenta não lhe satisfaz. Tudo é vaidade, vapor, bolha de sabão.
O sentido da vida não está no egoísmo idolátrico, nem no amor ao dinheiro nem mesmo na busca desenfreada do prazer, mas em Deus. Só Deus pode preencher esse vazio da alma e oferecer vida plena, abundante e feliz!
Rev. Hernandes Dias Lopes