“E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21).
Jó foi provado nas cinco áreas mais importantes da vida: vida financeira, filhos, saúde, casamento e amizades. Sendo o homem mais rico, foi ao colapso financeiro; sendo um pai exemplar, sepultou seus dez filhos no mesmo dia; sendo um homem saudável, foi acometido de uma enfermidade maligna; suportando a mais dura prova, foi aconselhado por sua mulher, a amaldiçoar a Deus e morrer; tendo seus amigos chegado de longe para o consolar, assacaram contra ele os mais pesados libelos acusatórios.
Como Jó reagiu a essa saraivada de pedras e a essa tempestade que desabou sobre a sua cabeça? Como se comportou o patriarca da paciência triunfadora? Que visão ele manteve de seu Deus?
Em primeiro lugar, o Deus de Jó é o Deus que dá (Jó 1.21). Sendo Jó o homem mais rico de seu tempo, compreendia que tudo que possuía, bens e família, era procedente das mãos de Deus. É Deus quem fortalece nossas mãos para adquirirmos riquezas. Riquezas e glórias vêm de Deus. Aliás, toda boa dádiva procede das mãos de Deus. Os bens são fruto do trabalho honesto e da bênção de Deus e a família é presente de Deus. É Deus quem dá a chuva e o sol. É ele quem dá saúde e força para o trabalho. É Deus quem abre as janelas dos céus e derrama sobre nós bênçãos sem medida. Ele é o doador e o galardoador dos que o buscam.
Em segundo lugar, o Deus de Jó é o Deus que tira (Jó 1.21). O mesmo Deus que dá, também, pode tirar. Para tirar, Deus pode usar os instrumentos de sua providência. No caso de Jó, usou o fogo, os sabeus e os caldeus (Jó 1.13-17). Deus pode, outrossim, usar uma providência carrancuda para tirar aqueles que são sua herança, os filhos (Jó 1.18-22). Até mesmo Satanás está a serviço de Deus para cumprir os propósitos soberanos de Deus. O Senhor, o Deus dos Exércitos, manda nos céus, na terra e no inferno. Tudo e todos estão sob o seu comando e debaixo de sua autoridade. Satanás é um ser limitado, e limitado por Deus (Jó 1.12; 2.6). Deus permitiu que os bens de Jó fossem tirados de suas mãos. Deus permitiu que os filhos de Jó fossem arrancados de seus braços, para provar ao mundo, que Jó o amava mais do que riquezas e família. Jó servia a Deus não pelas dádivas de Deus, mas pelo caráter de Deus.
Em terceiro lugar, o Deus de Jó é o Deus que preserva (Jó 2.6). Satanás insinuou que Deus precisava subornar as pessoas com bênçãos para receber delas adoração. Insinuou que Jó só servia a Deus por interesse. Sem que Jó soubesse, Deus o constituiu em seu advogado na terra e colocou em suas mãos a defesa de sua reputação. Satanás levantou três teses: ninguém ama mais a Deus que o dinheiro, que a família, e que a si mesmo. Jó, porém, derrotou essas três teses. Ele provou que amava mais a Deus que ao dinheiro, que a família e que a si mesmo. Deus colocou limites na ação de Satanás, mas permitiu que ele tocasse nos bens, na família e na saúde de Jó. Ficou provado que Satanás é um ser limitado e limitado por Deus. Ele só pode ir até onde Deus o permite ir e nem um centímetro a mais. Nas palavras de Martinho Lutero, “Satanás é um cachorro na coleira de Deus. Ele só pode ir até onde a coleira o permite ir”. Deus permitiu Satanás tocar nos ossos e na carne de Jó, mas ordenou-o a preservar sua vida. Mesmo sendo Satanás assassino desde o princípio, não conseguiu tirar a vida de Jó, porque Deus mesmo a preservou. O Deus de Jó é o Deus que preserva.
Em quarto lugar, o Deus de Jó é o Deus que restaura (Jó 42.10). Deus restaurou a sorte de Jó e devolveu-lhe em dobro tudo o que outrora possuíra. Jó foi curado e viveu mais cento e quarenta anos. Jó recebeu o dobro de tudo quanto possuíra. Se Jó já era o homem mais rico do Oriente, agora, é duplamente o mais rico. Deus restaurou a sorte dos amigos de Jó, quando este orou por eles. Deus restaurou o casamento de Jó e ele teve mais sete filhos e três filhas. As cinco áreas que Satanás tentou destruir na vida de Jó, Deus restaurou todas elas. O propósito de Satanás era colocar Deus contra Jó e afastar Jó de Deus, mas o que ele conseguiu foi colocar Jó mais perto de Deus e ver Deus restaurando a sorte de Jó. Resta claro afirmar, portanto, que o Deus de Jó é o Deus que tudo pode e nenhum de seus planos pode ser frustrado!
Rev. Hernandes Dias Lopes